O capítulo 12 do livro de Êxodo é um dos mais significativos de toda a Bíblia, pois descreve a instituição da Páscoa (Pesach) e narra a última das dez pragas do Egito — a morte dos primogênitos — culminando na libertação dos israelitas da escravidão egípcia. É um capítulo denso em simbolismo, instrução e impacto histórico para o povo judeu e, posteriormente, para o cristianismo.


📜 Instituição da Páscoa (Êxodo 12:1–28)

Deus fala a Moisés e Arão no Egito e estabelece um novo calendário para o povo de Israel: o mês da saída (nisã ou abibe) se tornaria o primeiro mês do ano. A Páscoa é instituída como um memorial perpétuo, e Deus ordena que cada família escolha um cordeiro sem defeito, de um ano, para ser sacrificado no décimo quarto dia do mês.

O sangue do cordeiro deveria ser passado nas ombreiras e vergas das portas das casas dos hebreus. Esse sinal serviria para que o anjo do Senhor “passasse por cima” (daí o nome “Páscoa”) das casas israelitas ao ferir os primogênitos do Egito. A carne do cordeiro seria assada no fogo e comida com pães sem fermento (ázimos) e ervas amargas, elementos que simbolizam a pressa da partida e o amargor da escravidão.

Deus orienta que o povo estivesse vestido e pronto para viajar ao comer essa refeição — um lembrete da urgência da libertação. A cerimônia deveria ser observada para sempre, por todas as gerações, como lembrança do livramento.


⚖️ A Décima Praga (Êxodo 12:29–30)

À meia-noite, Deus executa o julgamento prometido: mata todos os primogênitos do Egito, desde o filho de Faraó até o dos prisioneiros e o dos animais. O clamor no Egito é intenso, pois não há casa sem um morto.

Faraó, finalmente vencido, chama Moisés e Arão durante a noite e os ordena a partir imediatamente, junto com os filhos de Israel e seus rebanhos. Ele ainda pede para que os israelitas abençoem o povo egípcio, em sinal de respeito e temor.


🧳 A Partida dos Israelitas (Êxodo 12:31–42)

Os egípcios pressionam os israelitas a sair o quanto antes, com medo de que todos morram. O povo parte às pressas, levando consigo a massa do pão sem fermento. Antes de partir, porém, obedecem à ordem de Moisés e pedem aos egípcios ouro, prata e roupas, que são entregues voluntariamente — um ato visto como reparação ou juízo contra o Egito.

A narrativa menciona que cerca de 600.000 homens saíram a pé, sem contar mulheres e crianças, indicando uma multidão de possivelmente dois a três milhões de pessoas. Eles também levam uma “mistura de gente” (estrangeiros e outros não israelitas) que se juntam à viagem, formando um povo heterogêneo rumo ao deserto.

Essa seção destaca que os israelitas ficaram 430 anos no Egito, desde a chegada de Jacó e sua família. A saída foi em um só dia, e isso marca o cumprimento da promessa de Deus feita a Abraão.


📖 Regras da Páscoa (Êxodo 12:43–51)

O capítulo encerra com instruções adicionais sobre a Páscoa, mostrando que ela era um rito exclusivo para os israelitas, mas que estrangeiros poderiam participar, desde que fossem circuncidados, o que simbolizava uma inclusão na aliança com Deus.

A carne do cordeiro não poderia ser levada para fora das casas nem seus ossos quebrados — uma ordem que mais tarde seria relacionada à crucificação de Jesus, cujo corpo também não teve ossos quebrados (João 19:36).


✨ Significado Espiritual

O capítulo 12 de Êxodo é muito mais que um registro histórico. Ele é o fundamento da celebração da Páscoa judaica, que lembra o livramento da escravidão egípcia e a fidelidade de Deus. No cristianismo, a figura do cordeiro pascal é associada a Jesus Cristo, considerado o Cordeiro de Deus, cujo sangue livra da condenação.

Esse capítulo une temas como justiça, misericórdia, aliança e redenção. É uma convocação à lembrança, à obediência e à liberdade, que ecoa até hoje nas tradições religiosas e na fé de milhões de pessoas.

Categorias: Redenção

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