“Acabei de passar um, e ai lembrei de Jesus”
A história de Jesus Cristo, como relatada nos Evangelhos, está longe de ser uma jornada fácil. Ele, sendo o Filho de Deus, experimentou na pele os sofrimentos mais profundos que um ser humano pode enfrentar — física, emocional, social e espiritualmente. Desde o seu nascimento até sua morte na cruz, Jesus viveu uma vida marcada por adversidades. Vamos explorar em detalhes as principais dificuldades que Ele enfrentou:
Nascimento em Condições Precárias
O Salvador do mundo não nasceu em um palácio, mas num estábulo, em meio a animais, palha e sujeira. Maria e José não encontraram vaga nas hospedarias em Belém (Lucas 2:7), e Jesus nasceu sem conforto, sem assistência médica e sem nenhuma honra visível. Seu berço foi uma manjedoura — um coxo de alimentar animais.
Além disso, o nascimento aconteceu numa época de tensão política. O Império Romano controlava a região, e o povo judeu vivia sob opressão e altos impostos.
Fuga Para o Egito Ainda Bebê
Logo após o nascimento, Jesus e sua família passaram por uma grande provação. O rei Herodes ordenou a matança de todos os meninos de até dois anos em Belém (Mateus 2:16), numa tentativa de eliminar qualquer ameaça ao seu trono. Um anjo advertiu José em sonho, e a família fugiu para o Egito (Mateus 2:13-15). Assim, Jesus viveu como refugiado, exilado em terra estrangeira, em total vulnerabilidade.
Jejum de 40 Dias e Tentação no Deserto
Antes de iniciar seu ministério, Jesus passou 40 dias no deserto em jejum (Mateus 4:1-11). Durante esse período, enfrentou fome extrema, solidão profunda e tentações diretas do diabo. Satanás tentou seduzi-lo com poder, glória, alimento e proteção divina — mas Jesus resistiu. Essa experiência mostra como Ele conheceu o limite do sofrimento humano, inclusive na dimensão espiritual.
Acusações Falsas e Calúnias: O Justo Tratado como Malfeitor
Jesus, o homem mais puro e sem pecado que já pisou na Terra, foi alvo constante de calúnias, mentiras e falsas acusações ao longo de seu ministério. A oposição a Ele não veio apenas do povo comum — mas, principalmente, de líderes religiosos, autoridades e até de sua própria comunidade.
Essas acusações não só prejudicaram sua reputação pública, mas também foram parte fundamental do caminho que levou à sua prisão e crucificação. O Filho de Deus foi tratado como se fosse um criminoso comum, embora sua vida fosse inteiramente dedicada à verdade, ao amor e à compaixão.
❖ Jesus Acusado de Blasfêmia
Desde o início, os escribas e fariseus se incomodavam com o ensino de Jesus, porque Ele falava com autoridade, e não como os mestres da Lei (Mateus 7:28-29). O ponto mais chocante para eles era que Jesus afirmava ter autoridade divina, perdoava pecados e se declarava Filho de Deus.
“Por isso os judeus ainda mais procuravam matá-lo, pois não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.”
(João 5:18)
Essas declarações foram vistas como blasfêmia, crime grave entre os judeus. Embora fosse verdadeiro, os líderes o acusavam de ofender a santidade divina — quando, na realidade, estavam rejeitando o próprio Deus encarnado.
❖ Acusado de Ser Endemoninhado
Outra acusação absurda feita contra Jesus foi que Ele agia pelo poder de Satanás. Os fariseus, vendo que Jesus expulsava demônios com autoridade, não podendo negar o fato, criaram uma teoria maliciosa:
“É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa demônios.”
(Mateus 9:34)
Jesus responde com firmeza e lógica:
“Todo reino dividido contra si mesmo será devastado… Se Satanás expulsa Satanás, está dividido contra si mesmo.” (Mateus 12:25-26)
Essa foi uma das acusações mais perversas que Ele enfrentou — ser associado ao próprio inimigo espiritual da humanidade. E mesmo após provar que agia pelo Espírito de Deus, os fariseus persistiram na mentira, pois tinham inveja de sua autoridade e popularidade.
❖ Acusado de Transgredir o Sábado
Jesus também foi perseguido por curar e realizar boas ações aos sábados, o que, segundo os fariseus, quebrava a Lei de Moisés.
“Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado.”
(João 9:16)
Na realidade, Jesus não violava a Lei de Deus, mas a tradição humana imposta pelos fariseus, que havia se tornado mais rígida do que a própria intenção divina. Ele esclareceu:
“O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” (Marcos 2:27)
Essas acusações mostravam como os líderes religiosos estavam mais preocupados com regras e aparência do que com misericórdia, justiça e verdade.
❖ Caluniado por Se Associar a Pecadores
Jesus também foi atacado por sentar-se à mesa com pecadores, publicanos, prostitutas e marginalizados. Os fariseus murmuravam:
“Este recebe pecadores e come com eles.” (Lucas 15:2)
Naquela cultura, comer com alguém significava aceitar essa pessoa, e os fariseus se escandalizavam com isso. Mas Jesus ensinou que veio para os doentes, e não para os sãos (Marcos 2:17), demonstrando que sua missão era restaurar, não excluir.
❖ Chamado de Glutão, Bêbado e Louco
Jesus foi acusado de ser um homem sem moral. Comparado com João Batista, que jejuava e vivia em austeridade, Jesus era mais acessível e participava de refeições com o povo. Por isso, diziam:
“Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: ‘Aí está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores’.”
(Lucas 7:34)
Além disso, em João 10:20, muitos diziam:
“Está endemoninhado e fora de si; por que o ouvimos?”
Chamar Jesus de louco e descontrolado era uma tentativa desesperada de desacreditar seus ensinamentos, que confrontavam os poderosos com a verdade. Mesmo vendo milagres e ouvindo palavras cheias de sabedoria, muitos preferiram desacreditá-lo.
❖ Silêncio Diante das Acusações Durante o julgamento, quando os falsos testemunhos foram apresentados, Jesus não respondeu.
“E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.”
(Mateus 27:12)
Esse silêncio não foi covardia, mas cumprimento da profecia de Isaías 53:7:
“Foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro.”
Ele sabia que sua missão era maior do que se defender. Ele carregava em silêncio o peso das mentiras lançadas contra si, substituindo-nos até mesmo nesse tipo de dor — a dor de ser injustiçado.
❖ Conclusão: O Santo Injustiçado
As calúnias e acusações falsas sofridas por Jesus são um dos maiores exemplos de injustiça da história. Ele, que veio salvar, foi acusado de destruir; Ele, que curava, foi acusado de fazer mal; Ele, que era a verdade, foi chamado de mentiroso e blasfemo.
Essas dificuldades mostram que a verdade nem sempre será aplaudida e que a justiça dos homens pode ser profundamente falha. Mas também revelam que Jesus compreende profundamente quem sofre acusações injustas hoje.
Enquanto Ele sofria e clamava, seus discípulos dormiam, mostrando que até em seu momento mais sombrio, Jesus não estava sozinho, mas o Pai o acompanhava. Sendo a única exceção, a crucificação.
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