“Que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.”
(1 Coríntios 4:1-2)
A fé cristã não é apenas uma profissão de palavras, mas um modo de vida enraizado em princípios eternos. Como servos de Cristo, somos chamados a viver de forma íntegra e fiel, conscientes de que representamos o Senhor diante do mundo. A ética que nos guia não foi construída por tradições humanas, mas estabelecida pelo próprio Deus, revelada desde o Sinai, aperfeiçoada por Cristo, e vivificada pelo Espírito Santo na Igreja.
Jesus estabeleceu um padrão elevado quando disse:
“Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.” (Mateus 5:20)
Essa advertência nos lembra que nossa conduta precisa ir além da aparência religiosa. Somos, como disse o apóstolo Paulo, mordomos — cuidadores daquilo que é sagrado e eterno: a graça e os mistérios de Deus.
Julgamento e Consciência
O mundo constantemente observa os cristãos, muitas vezes julgando a autenticidade de nossa fé pela forma como vivemos. Expressões como “Mas você não é cristão?” revelam que há uma expectativa de coerência entre o que professamos e o que praticamos. E, de fato, essa coerência é essencial. Quando falhamos em viver o que pregamos, desonramos a Cristo e podemos afastar outros do Evangelho.
Contudo, Paulo nos ensina algo profundo:
“A mim pouco importa ser julgado por vós ou por tribunal humano; nem eu mesmo me julgo.” (1 Coríntios 4:3)
O apóstolo nos aponta para uma verdade libertadora: o julgamento final pertence ao Senhor. Ainda que a consciência esteja limpa, isso não nos justifica — pois a medida correta não é o autoengano, mas o crivo divino. É diante de Deus que nossa fidelidade será plenamente avaliada.
Integridade e Testemunho
Mesmo sendo alvo de calúnias e críticas, como foi Jesus, devemos nos esforçar para manter uma consciência limpa diante de Deus e dos homens. Pilatos, embora não fosse discípulo, reconheceu em Jesus um inocente:
“Não vejo nele crime algum.” (João 19:4)
Essa mesma impressão deve acompanhar nosso testemunho. Como despenseiros da graça, nossa vida precisa expressar o Reino que anunciamos. A boa consciência é uma âncora na tempestade das acusações injustas e uma luz para os que ainda caminham nas trevas.
A Responsabilidade do Chamado
Somos administradores de algo muito precioso: a salvação. Isso não nos torna donos dela, mas responsáveis por repartir com zelo e fidelidade aquilo que recebemos de graça. Se queremos ver outras vidas sendo alcançadas por Cristo, devemos primeiro guardar com cuidado nossa própria conduta e integridade.
Paulo orienta Timóteo:
“Conserva a fé e a boa consciência, a qual alguns rejeitando naufragaram na fé.” (1 Timóteo 1:19)
Navegar a vida cristã com má consciência é arriscado — ela é nosso alarme interno, o eco do Espírito nos guiando pelo caminho estreito.
Conclusão e Oração
Como bem disse Abraão Lincoln:
“Desejo conduzir de tal maneira os negócios desta administração que, se ao final, houver perdido todos os amigos, eu ainda tenha um — a minha própria consciência.”
Que essa também seja nossa oração: que mesmo incompreendidos, permaneçamos fiéis, de modo que Deus nos encontre íntegros no dia da Sua visitação.
Oremos:
Pai Santo,
ensina-nos a andar com discernimento e firmeza. Que nossas ações reflitam Tua graça e verdade. Livra-nos da hipocrisia e dá-nos uma consciência sensível à Tua voz. Que o mundo veja em nós não apenas palavras, mas uma vida que revela o Teu Filho.
Amém.
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